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Batata-doce e batata tradicional: Uma é saudável e outra é vilã?

21 Out 2023 - 08:00

Batata-doce e batata tradicional: Uma é saudável e outra é vilã?

Por ser um alimento rico em hidratos de carbono, a batata tradicional (a batata inglesa) tem sido demonizada ao longo dos anos. Além disso, é comum achar-se que a batata-doce é melhor para a saúde e que a batata tradicional deve ser evitada ou eliminada da dieta. Mas será que uma batata é melhor do que a outra? Faz sentido atribuir à batata tradicional o papel de vilã?

A batata-doce é melhor do que a batata tradicional?

A nutricionista Isanete Afonso, aquando da sua participação na rubrica “Viral” do programa “Casa Feliz” da SIC (ver aqui), adiantou que uma batata não é melhor que a outra, pois ambas têm as suas vantagens e podem fazer parte de uma alimentação saudável e equilibrada.

Mas em que diferem estes dois tipos de batata? A Associação Portuguesa de Nutrição (APN) publicou um documento em que responde a cinco questões sobre a batata tradicional (também conhecida como batata branca ou batata inglesa).

Nesse documento destaca-se que batata branca é “o quarto alimento mais consumido no mundo, representando uma das maiores culturas, a seguir ao arroz, trigo e milho”. 

De acordo com a Roda da Alimentação Mediterrânea, recomenda-se uma “ingestão diária de 4 a 11 porções de alimentos pertencentes ao grupo dos cereais, derivados e tubérculos”, variando o consumo consoante a idade (ver aqui).

Neste grupo importante insere-se a batata tradicional, caracterizada como “um dos principais fornecedores de energia (a par do pão, massa, arroz ou outros cereais)”.

Quanto à batata-doce, segundo um texto do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), esta “apresenta baixo valor energético, oferecendo apenas 76 kcal por 100g de parte edível”. 

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Por outro lado, antes de ser cozinhada, ao contrário do que se pensa muitas vezes, “a batata-doce é mais calórica do que a batata branca”, frisa Isanete Afonso.

Contudo, acrescenta a nutricionista, por ter mais fibra, a batata-doce tem um índice glicémico (velocidade a que os hidratos de carbono ingeridos vão aumentar os níveis de açúcar no sangue) mais baixo.

Para mais, a batata branca “tem mais amido” e “menos água” do que a batata-doce. Aliás, a APN salienta que o amido da batata tradicional “representa cerca de 90%” dos hidratos de carbono presentes no tubérculo.

No que diz respeito às restantes vitaminas e minerais presentes nestes dois tipos de batata, Isanete Afonso admite que não diferem muito.

Segundo a APN, a batata tradicional destaca-se pelas “vitaminas do complexo B, vitamina C, folato, potássio, cálcio” e “fósforo”. 

Sendo que, acrescenta Isanete Afonso, “a batata-doce tem, sim, algumas vitaminas a mais, principalmente vitamina C e A”. No mesmo sentido, no texto do PNPAS destaca-se que a batata-doce, a nível nutricional, “é das fontes vegetais mais ricas em vitamina A”. 

“A presença desta vitamina, bem como de antocianinas, responsáveis pela sua tonalidade alaranjada e púrpura, tornam-na num alimento com um elevado potencial antioxidante e anti-inflamatório”, explica-se.

“A técnica de preparo é mais importante”

Na perspetiva da nutricionista que participou na rubrica do Viral, o problema não é a batata em si, já que este é um alimento que faz parte de um grupo essencial para uma alimentação saudável e equilibrada: os hidratos de carbono.

Segundo Isanete Afonso, “a técnica de preparo é mais importante do que [escolher] entre batata-doce e branca”. 

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Primeiro, de forma a aproveitar-se os benefícios da batata (seja doce ou branca), a nutricionista sugere que se cozinhe e coma a batata com casca. Isto porque, além de a casca ter “mais de fibra”, ingeri-la desta forma ajuda a minimizar a perda de nutrientes.

Depois, deve-se ter em conta o método de preparo das batatas. Por exemplo, em relação à batata branca, a APN refere alguns exemplos de confeção em que “o valor energético e teor de gordura” da batata varia.

Por 100 g de batata: se for “cozida”, tem “87 kcal e 0 g de gordura”; se for “assada”, tem “159 kcal e 4.8 g de gordura”; e se for “frita”, tem “227 kcal e 10.8 g de gordura”, escreve-se.

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No caso da batata-doce, em específico, um texto da Harvard T.H. Chan School of Public Health refere que cozer a batata-doce “retém mais betacaroteno e torna o nutriente mais absorvível do que outros métodos de preparo”, como cozinhá-la no forno ou fritá-la. 

Em suma, tanto a batata-doce quanto a batata tradicional podem fazer parte de uma alimentação equilibrada. O mais importante é a forma como estes alimentos são preparados.

21 Out 2023 - 08:00

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